Cabral disse que a passagem do papa Francisco pelo Brasil,
especialmente pelo Rio de Janeiro, onde ficou sete dias, lhe provocou uma
grande mudança. “Eu sou cristão. E me tocou muito a vinda do papa, como
governador e como ser humano. A figura do papa me tocou. Certamente eu estava
precisando muito de uma dose de humildade. E eu jamais terei vergonha de fazer autocríticas e reconhecer erros. No episódio do Júlio de Lamare]eu
errei em não ouvir, por isso estou voltando atrás”, disse Cabral, em uma
entrevista à imprensa que durou aproximadamente 45 minutos, uma das mais longas
que ele concedeu nos últimos meses.
O governador ressaltou que a decisão de preservar o Júlio
de Lamare está tomada e já foi comunicada ao consórcio vencedor da licitação,
formado pelas empresas IMX, de Eike Batista, da construtora Odebrecht, e do
grupo internacional AEG, especializado na administração de arenas esportivas.
Cabral disse que os R$ 30 milhões que o consórcio usaria para demolir e
reconstruir o parque aquático serão repactuados no contrato.
O consórcio foi procurado pela Agência Brasil e informou, por meio da assessoria,
que só iria se pronunciar quando fosse notificado oficialmente. Sobre o Estádio
de Atletismo Célio de Barros, ele explicou que não há solução técnica para
tornar a arena de nível olímpico e que ela terá de ser reconstruída em um
terreno próximo, em uma área que pertencia ao Exército.
O governador comentou sobre as manifestações de rua feitas
majoritariamente por jovens e declarou que deseja abrir um novo e permanente
canal de diálogo. Fez inclusive um apelo aos manifestantes que frequentemente
fazem protestos na rua onde mora, no Leblon. “Eu queria fazer um apelo aos
manifestantes. Na porta da minha casa, eu tenho crianças pequenas. É o meu
filho de 6 anos, é o meu filho de 11 anos. É um apelo de pai. Eu não sou um
ditador. Estou aberto ao diálogo, às manifestações. Mas na porta de minha casa,
não. Peço de coração, como pai”, disse. Desde ontem (28), um grupo de
manifestantes está acampado perto da residência do governador.
Agência Brasil