A menos de uma semana da Copa do Mundo, o
sentimento dos brasilienses está dividido em relação ao Mundial. Muitos sentem
uma mistura de ansiedade e animação com a proximidade dos jogos e com a Copa em
território brasileiro. Entretanto, a indignação e a insatisfação com os gastos
feitos pelo governo para realização do evento não são ignoradas.
Em Brasília, algumas ruas estão enfeitadas e
há quadras comerciais "vestidas" de verde e amarelo. No trânsito
também é possível ver a animação de alguns torcedores. Há carros adesivados com
bandeiras do Brasil, com bandeirinhas e fitas nas janelas. Há quem ache que a
cidade - que vai sediar sete partidas do Mundial - ainda não está no clima de
Copa como em anos anteriores.
As quadras residenciais estão enfeitadas de
forma tímida - umas mais, outras menos, mas nada comparado a edições
anteriores. O estudante Marco Rezende, 21 anos, disse que gosta de futebol, mas
que o entusiasmo é outro.
"Eu vou assistir
aos jogos. Eu gosto, mas não estou muito animado. Eu acho que Copa sempre foi
uma coisa que todos assistimos juntos e torcemos para o Brasil. Hoje está um
pouco dividido. Minha quadra, por exemplo, já foi mais enfeitada em
outras Copas”, disse o morador da 412 sul.
“Achei que, por ser no
Brasil, as pessoas ainda não acordaram, é como se a ficha não tivesse caído
ainda. Não vejo os carros enfeitados, não estou vendo tudo decorado e a
mobilização que esperava por causa da Copa ser país. Acho que ainda há muita
tensão por causa das manifestações”, disse a servidora Paloma Figueirôa, 24
anos.
Paloma adora futebol e a Copa do Mundo – a
capa do celular já está com a bandeira do Brasil, a casa decorada, os ingressos
comprados para todos os jogos na capital e as mãos suadas só de falar no
assunto. Para ela, o clima vai mudar depois que os jogos começarem.
FUTEBOL COMO PAIXÃO
FUTEBOL COMO PAIXÃO
“A desanimação que eu
percebo tem a ver com as pessoas acharem que o governo gastou e errou ao ter
trazido a Copa para o país. Mas temos o futebol como paixão. Eu também apoiei
as manifestações quando achei que ainda dava para fazer algo. Agora, o que pode
ser feito é depois. Os jogadores e o campeonato não têm culpa. Podemos nos
manifestar de outras formas, sem revolta e baderna. Os olhos do mundo estarão voltados
para nós”, destacou.
Integrante do Comitê
Popular da Copa do Distrito Federal, Vinícius Lobão acredita que a população
esteja mais revoltada do que acomodada ou satisfeita com a Copa.
SEM PLANEJAMENTO
SEM PLANEJAMENTO
“Mesmo os que compraram
ingressos para assistir aos jogos estão por dentro das diversas violações que
foram cometidas pela Federação Internacional de Futebol (Fifa), pelos seus
patrocinadores e pelo Estado por conta da realização desse evento”, explicou
Lobão, em referência às denúncias de remoção de famílias dos locais onde foram
construídos estádios, sem planejamento ou as indenizações devidas.
De acordo com ele, a
mobilização e a insatisfação das pessoas - como consequência de informações
sobre irregularidades - foi uma conquista dos comitês populares e de diversos
outros movimentos sociais desde junho do ano passado.
TRANSFORMAÇÃO
TRANSFORMAÇÃO
“Antigamente, pouco se
debatia ou conversava sobre política em geral - saúde, mobilidade urbana,
educação, modelo de cidade -, hoje, independentemente da opinião, ao menos se
debate. Acreditamos que esse é um primeiro passo para uma transformação, para
uma sociedade mais justa e para que a população se conscientize”, destacou.
Para ele, os
questionamentos e as manifestações não serão esquecidos com o início dos jogos.
“Estaremos nas ruas, seja em protestos pacíficos, com rodas de debate e ações
de panfletagem. Já temos um calendário montado
para todos os dias de jogos que acontecerão aqui em Brasília, cada um com um
tema diferente, para que possamos debater e informar a população sobre diversos
assuntos”, disse.
MOMENTO DE TORCER
MOMENTO DE TORCER
Apesar de achar que os
recursos destinados à competição foram mal gastos, a publicitária Marja de Sá,
29 anos, acredita que a hora de fazer protestos passou e que, agora, o momento
é de torcer.
“Eu adoro a Copa,
sempre acompanho e estou muito animada em poder ir aos jogos. Consegui
[ingressos para] todos [os jogos] de Brasília”, disse Marja.
Para ela, ainda há
muita desinformação em torno do assunto. “Há muita publicação falando que o
país deixou de investir em educação e saúde para fazer a Copa, quando, na
verdade, não falta dinheiro para nenhuma área. O que falta é a gestão adequada
dos recursos. O problema é que escolhemos maus gestores”, explicou.
Agência Brasil - Carolina Sarres
Agência Brasil - Carolina Sarres
Nenhum comentário:
Postar um comentário